segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Entrevista candidato PCB-JF Laerte Braga ao ECaderno.


Cintia Costa envia
Laerte Braga (PCB)
www.ecaderno.com

 (...) Laerte Braga (PCB) é jornalista e já trabalhou no Diário Mercantil, Estado de Minas e Agência Meridional. Ele é militante político desde os 13 anos, quando ingressou no PCB, Partido Comunista Brasileiro. O candidato também é ligado a movimentos de resistências na Palestina, Honduras e Colômbia.

Ecaderno: Qual experiência você adquiriu, ao longo da sua trajetória, que poderá ajudar a administrar Juiz de Fora novamente?
Laerte Braga: Basicamente a luta popular. Eu entrei para o Partido Comunista Brasileiro aos 13 anos de idade. Durante toda a minha trajetória de militância política eu estive envolvido com os movimentos populares, que se voltam para aqueles que normalmente são considerados excluídos da sociedade. A experiência que fui adquirindo é um produto permanente e constante com setores como, por exemplo, presidiários, famílias de presidiários, pessoas que ocupam áreas urbanas na busca por moradias, pessoas que ocupam áreas rurais na busca por terra para produzir, e as que vivem o problema do desemprego. Minha experiência foi adquirida nesse tipo de luta.
E: Como você enxerga os principais problemas da cidade?
LB: Acho que Juiz de Fora começa a mudar de perfil. Em 1910, o Ruy Barbosa chamou Juiz de Fora de a Manchester Mineira em alusão de ser um grande parque têxtil. Esse parque sumiu, a cidade hoje tem características completamente diferentes. Hoje é uma cidade de estudantes, de muitas faculdades e é uma prestadora de serviços. Esse perfil diferenciado diante de um contexto de uma economia globalizada e de uma crise mundial intensa, que afunda a união europeia e o Estados Unidos, precisa ser vista dentro da realidade do município. Realidade essa que é construir uma cidade humana, onde as pessoas possam existir e coexistir e conviver em bases dignas. Isso significa reformular todo o sistema político e econômico para permitir que a cidade seja produto da vontade popular.
E: Caso seja eleito, quais são as principais metas para o seu primeiro ano de mandato?
LB: De imediato acabar com esse caos na saúde, gerado pelo processo de terceirização. Você pega a saúde pública, que é um direito básico da população, e entrega a empresas privadas, ou seja, você transforma um direito em um fator de lucro para companhias. E em segundo lugar, vou buscar discutir com a sociedade e setores específicos a questão da educação, que é fundamental para que se possa implementar já gradativamente no eventual segundo ano de governo o sistema de educação integral. E a partir de uma avaliação justa e honesta do trabalho dos professores temos que fazer um plano de cargo cujos salários não sejam só o piso. Nós vamos discutir uma realidade salarial descente e digna. Estamos falando de prioridade, de colocar o ser humano em primeiro lugar na construção da cidade dentro de moldes socialistas, compatíveis com respeito a dignidade humana e em relação aos direitos básicos e fundamentais, como saúde, educação, transporte, cuja a estatização será gradativa, enfim, são os três eixos principais. A cidade é nossa primeira realidade, a participação popular é fundamental.
E: Quais são seus planos para os docentes municipais? É possível chegar ao piso nacional?

LB: É possível sim, é necessário que haja uma prioridade. Se você tem um governo como o atual, que prioriza fazer da Avenida Rio Branco um “jardinzinho", uma coisa bonitinha e organizada, mas na verdade sem nenhum efeito prático, sem nenhum efeito real para o desenvolvimento humano da cidade aí se cria a impossibilidade. Quando se troca essa prioridade pela educação, pela saúde, por melhores condições de vida e a analisa dentro do orçamento, você consegue remunerar os servidores de forma digna.
E: Quais são os seus projetos para a melhoria da educação oferecida pelo município?
LB: Muitas vezes se critica o professor dizendo que ele vai a greve por questões salariais, na verdade, ele vai a greve por questões salariais e por melhores condições de trabalho. As escolas não têm a estrutura necessária para oferecer o que uma educação básica, uma educação fundamental precisa. A nossa proposta é de educação integral: ela compreende tanto o trabalho de sala de aula como a convivência, assistência odontológica, assistência psicológica e compreende uma maior assistência pedagógica. É a melhor capacitação do aluno para a vida e com maior consciência da realidade que o cerca e que não existe hoje nas escolas.
E: O passe livre é umas das principais reivindicações dos estudantes. É possível a prefeitura oferecer esse benefício?
LB: Eu não tenho dúvida que tem. Há muitos anos atrás, os estudantes pagavam meia passagem nos antigos bondes e nos antigos ônibus e, se você comprasse o vale transporte antecipadamente, tinha até um desconto, hoje nem isso tem. Eu acho que é dever do município oferecer aos estudantes o passe gratuito. E basta que se tenha vontade política e priorize dentro do orçamento as questões básicas e fundamentais. Ele tem um custo e é necessário que esse custo seja pago pelo poder público, porque é um direito do cidadão.
E: Quais são seus projetos para a mobilidade urbana? Você pensa em construção de ciclovias, por exemplo?
LB: É uma questão que vamos ter que pensar com muita rapidez. Precisamos pensar em transportes alternativos, e a ciclovia é uma dessas formas. É preciso repensar os automóveis como sendo uma espécie de ícone. É preciso pensar em condições humanas para que as pessoas possam se deslocar. Isso implica em melhoria dos transportes coletivos e melhoria dos serviços de táxis, a partir de discussões com os motoristas de táxis e com os usuários. Também significa a construção de ciclovias, que na Europa é uma realidade e em muito países chamados de primeiro mundo.
E: Caso seja eleito, quais seus planos para transformar Juiz de Fora em uma cidade ainda melhor para os estudantes?
LB: Hoje, ainda que não pareça, o jovem está jogado em um canto. Você oferece para ele uma educação que nem sempre é de qualidade e isso não é problema do professor, é problema do poder público. Você não oferece para ele perspectivas reais de crescimento, a quantidade de jovens que se formam e vêm para o mercado de trabalho a cada ano e não encontram uma resposta afirmativa, uma perspectiva real, é grande. Então, os nossos projetos são de construir alternativas como, por exemplo, a construção de parcerias com a universidade federal, com as faculdades particulares e criar polos tecnológicos, que possam abrigar jovens para processos de incubadora e desenvolver perspectivas da participação deles no processo político e, sobretudo, garantir a possibilidade de um emprego.
E: Quais são as qualidades que você tem para se considerar a melhor opção para a cidade no momento?
LB: Eu trago comigo a experiência de uma pessoa que passou a vida inteira lutando dentro do campo de esquerda com o princípio marxista leninista. Diante desse caos que é o mundo hoje, a única alternativa é o socialismo. Há uma frase que é permanente: “Ou o socialismo ou a barbárie”. Nós estamos vivendo na barbárie, basta você olhar o mundo, seja nas brigas de gangues de bairro, seja nas guerras estúpidas que o capitalismo monta para se apoderar de recursos naturais de países mais fracos. Então, a experiência é fundamental para que você possa buscar, a partir da cidade como sua primeira realidade e com participação popular, uma solução alternativa, em que o ser humano seja o principal objetivo de uma administração pública.

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